Me abri por inteiro há poucos
e agora ele parte.
Deixa comigo a memória do seu cheiro
e uma saudade infinita roçando à porta.
Mesmo que tarde em decidir
Se a confissão é linda ou se é triste,
O que eu sinto já prescinde
Dos seus votos de boa viagem,
Porque já embarquei nessa faz tempo!
Bato a porta e fecho os olhos,
É sempre assim.
Toda vez que parte,
Deixa na minha casa o abrigo
Desta dor de não saber
Qual será a próxima vez.
Olho pro seu rosto, sorrio e relembro
Que outrora fizera desejo valer sobre respeito.
Foi bom, mas não durou muito tempo,
Porque fez do que eu sinto uma ânsia passional
De lhe querer, apenas, cá dentro de mim.
29/06/2006
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Embora
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Daquelas paisagens que cegam os olhos e fazem escorrer lágrimas.
Fecho os olhos para desembaçar as vistas turvas e na fração de um segundo, outra paisagem.
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Partida
Prepare a mesa, ponha o café no fogo, porque a aurora já clareou faz tempo. Sem essa de fingir surpresa, reprimir desejos ou camuflar os sentidos, porque o que é estampa, meu bem, não se esconde por trás de cortina alguma.
Desamarra a cara, solta o sorriso, amarre o nó da gravata e penteia o cabelo. Na avenida dos meus anseios, seu carro já seguiu viagem.
Estou à deriva, sozinha, sem fundo e sem poço, então não se atraque em mim! Não sou porto seguro para suas rimas.
Antes da partida, por gentileza, deixe a xícara posta e a porta aberta. Leve seu cheiro e seus cigarros, que eu vou navegar em outros mares com esta saudade cinza.
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
...
Amanheceu a saudade. Pôs o vestido de sempre, enrolou os cabelos, desenhou a máscara e partiu pra mais um dia de memórias.
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Verbívora
Viajar nas palavras sem destino algum, seguir a estrada dos pensamentos fugazes, temperá-los com as incertezas do amanhã, regá-los com as reticências do agora. Navegar as curvas de um corpo lascivo sem cais nem porto.
Remar no brilho inocente do olhar de uma criança; pedalar nas dúvidas, acelerar os sorrisos, frear a tristeza.
Ultrapassar as barreiras, saber que cada coisa é o que está sendo, ainda que umas não tenham nome e outras não tenham cor.
Contemplar sem palavras, refletir sem arrependimento, rir de saudades.
Fazer do céu um teto, desenhar com as estrelas, conversar com a lua.
O resto é substantivo abstrato.
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terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Ouvi dizer poesia
Recriando versos
Universos de vozes
Veladas, vazias.
Comprando abraços com letras,
Sussurrando a ouvidos estranhos –
Outrora fantasmas do desconhecido.
Eis, infinito traçado,
Letrado e composto
Por poetas fatigados.
Ouvi girar a roda
Gritando gestos ecóicos
Na displicência heróica
De fazer momentos-retratos.
Ouvi dizer que o fim é começo
Ou apreço,
Pra viver na cadência
Do minuto e do momento
Nascente,
Corrente,
Passado.
20/06/2008
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Sinfônica
1° Movimento
Meu coração, não sei mais aonde,
Não sei mais por que,
Bate.
Censuro os pensamentos
Podo o que sinto,
Mas não tardo em contradizer
Um mar inteiro.
2° Movimento
Não minto, só espero!
Desespero não nego, mas não assumo.
Durante a orgia de idéias,
Parto sem princípio e sem fim
Pra um paraíso de ilusões gastas.
3° Movimento
Sem receio das despedidas,
Demarco encontros e fronteiras.
Desprovida de armas e escudo,
Disparo contra mim mesma.
Dou margem ao sofrimento,
E bandeira pra dor.
Descanso na proa, de pé, sozinha,
Porque do outro, só resta o retrato.
4° Movimento
Sem delongas a mais,
Preparo a ilusão de um novo começo.
Limpo as digitais das carícias,
Sufoco o beijo perdido,
Engendro a primeira nos sapatos
E vou em frente.
A maré alta anuncia lua cheia,
Respiro a brisa salina do mar,
Sacudo os lençóis de areia
E saio à procura de um novo endereço pras minhas saudades.
Postado por Elaine C. às 13:39 1 comentários